O futebol é alimentado não só pelo talento em campo, mas também pela paixão dos seus adeptos. Em Portugal, os adeptos são famosos tanto pelo apoio incondicional que prestam às suas equipas, como pelas claques que acompanham. Estas são um fenómeno que remete à década de 70, quando o futebol começou a assumir uma expressão mais popular e as claques começaram a ser mais estruturadas. Desde então, as claques de futebol em Portugal evoluíram e ganharam mais poder, influência e notoriedade.

As claques de futebol em Portugal são grupos organizados que se dedicam ao apoio incondicional a uma equipa. Muitas vezes, elas são ligadas aos clubes de futebol, o que dá a elas um certo ar de oficialismo. Uma claque pode ser composta por várias dezenas ou até milhares de elementos, todos uniformizados, com bandeiras e tarjas com a identificação do grupo e da equipa.

Um dos principais objetivos de uma claque de futebol em Portugal é ser o 12º jogador em campo, ou seja, apoiar incondicionalmente a equipa em todos os momentos do jogo, desde o apito inicial do árbitro até o seu término, independentemente dos resultados. Para os adeptos que frequentam as claques, o escritório é a bancada de apoio, onde, além de torcer pelo time, eles cantam, xingam e criam um ambiente festivo que contagia todo o estádio.

No entanto, nem sempre o comportamento das claques é exemplar. Em alguns momentos, a paixão pelo clube se transforma em violência, vandalismo e confrontos com as forças de segurança. Os episódios de violência associados às claques são um problema recorrente em Portugal, que levou a muitas polêmicas.

Em 2016, dados apresentados pelo Observatório de Futebol da Universidade de Coimbra revelaram que as claques associadas aos três grandes clubes de Portugal (Benfica, FC Porto e Sporting) foram responsáveis por um terço dos episódios de violência em Portugal no ano anterior. Esses episódios incluem brigas entre adeptos, vandalismo em estádios, agressões a jogadores e a elementos da polícia.

Os confrontos mais graves ocorreram entre os adeptos do Benfica e do Sporting, que entraram em confronto na final da Taça de Portugal de 2018. Houve mais de 50 detenções e cerca de 20 feridos, sendo que muitos destes eram polícias. O governo português, através do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, manifestou preocupação com a violência e as organizações ilegais ligadas ao futebol e anunciou a adoção de medidas para combater o fenómeno.

O comportamento violento das claques também gerou polêmica em Portugal. Em 2018, o Sporting foi palco de uma invasão da Academia, em Alcochete, por parte de elementos associados às claques. Essa invasão resultou em agressões a jogadores e membros da equipa técnica, além de graves danos materiais. O caso gerou grande comoção no país e levou à detenção de 40 pessoas. Desde então, o Sporting tem-se esforçado por denunciar a ilegalidade e a violência ligada às claques.

Outro episódio que gerou polêmica em Portugal foi a morte do adepto italiano Paolo Della Casa, em 2019, em confrontos entre os adeptos do Benfica e do Sporting. Embora o inquérito à morte de Paolo Della Casa tenha concluído que não houve intenção de matar, o caso enfatizou a necessidade de se adotar medidas para prevenir o comportamento violento e ilegal das claques.

As claques de futebol em Portugal são, portanto, um fenómeno que, apesar de ter aspectos positivos, como o apoio incondicional às equipas, levanta muitas questões e provoca muitos problemas. Os adeptos são vistos muitas vezes como uma manifestação de culto e lealdade ao clube e aos seus símbolos, mas a linha que separa o fervor desportivo da violência e do vandalismo é muito ténue. Respeitar o espírito do desporto e a integridade das pessoas envolvidas no futebol é fundamental para que as claques de futebol possam ser acolhidas e celebradas como uma parte da cultura popular, sem perturbar a ordem pública ou ameaçando a segurança dos próprios adeptos.

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